6.6.10

Bonzinho só se fode

Era uma vez uma garota conhecida por arrasar corações por onde passava. Usava e abusava de quem cruzasse seu caminho e se divertia sendo má assim. Até o dia em que se envolveu com um homem diferente que disse (e fez) abertamente tudo o que ela mais temia.

A estratégia dela, nada muito complexo, era fazer-se de apaixonada nos casos mais interessantes, usar todo um jogo de caras e bocas, palavras milimetricamente escolhidas, modelitos muito bem calculados, além da pose exigida pela situação. Construía e usava a personagem perfeita até que enjoasse da vítima em questão, o que, claro, só acontecia depois de ver o alvo aos seus pés, ao ponto de ouvi-lo dizer que ela era a mulher perfeita e tudo mais a que tinha direito.

O carinha especial apareceu na vida dela por meio da irmã. Aquele foi um caso rápido, sem qualquer sucesso ou importância para nenhum dos dois, que havia acontecido alguns anos antes. Para ele os genes daquela família eram os culpados pelo comportamento das irmãs. Elas compartilhavam o hábito de fazer crescer a libido masculina, cultivá-la e jogá-la para bem longe no momento que lhes parecia mais oportuno. Seria algum tipo de distúrbio psicológico?

Nossa protagonista chegou a se apaixonar por ele, mas não conseguia abrir mão de sua fama de má que tanto alimentava seu ego. Por outro lado, era incapaz também de controlar o envolvimento que aumentava a cada encontro, mas achou uma saída para sua “maldade” constante. No ápice de toda paixão que existia dentro dela, da sua boca, propositalmente, saía o nome errado. Justo quando ele estava querendo acreditar que ela o amava (ou sentia alguma coisa, pelo menos). Que finalmente o cupido havia mirado nela. Mas parecia que ainda não era esse o momento.

Quando ela confirmou que estavam juntos, foi uma nova esperança para ele. Novamente desiludido ao conversar um pouco com os amigos próximos da garota, percebeu que as coisas não eram bem como ele imaginava, teria que mudar seus planos. A relação quase que descompromissada era ótima para o casal. Alguns chamavam de “sexo casual”, que os satisfazia muito bem e mantinha os programas periódicos. Ainda assim, ela não perdia sua pose de má e fazia questão de dizer para quem quisesse ouvir que ele não passava de um mero aprendiz.

Aquela situação só aguçava os interesses do homem que insistia em entender o que realmente se passava na cabeça daquela com quem estava se envolvendo. A história que viviam permitia algumas regalias que em geral não aconteciam entre os casais mais casuais. Sempre que encontrava a chance ele questionava à garota o que ela queria de verdade. Completava afirmando que ela estava à procura de um homem rico e nada mais, mas que a busca estava difícil naqueles tempos. Nenhum novo rico circulava solteiro por mais que algumas semanas. Ele avisava que o transe hipnótico no qual ela vivia estava para acabar e que logo estaria presa a uma coleira muito bem apertada.

A previsão se fez realidade e o cara que até o momento parecia ser apenas uma pessoa boa mostrou que também podia ser mal e que era ainda melhor assim. E não por simples diversão. Utilizando de estratégias bem conhecidas pela garota, e outras tantas exclusivas do universo masculino, ele inverteu o jogo. Não deixou que ela falasse uma palavra sequer, apenas fez com que ela admitisse que gostava do jeito dele de fazer as coisas. Naquele momento era ela quem não conseguia mais esquecer ou esnobar o carinha. Não adiantavam telefonemas supostamente sem importância ou qualquer outro recurso que ela tentasse. Estava sujeita às próprias maldades. Não era mais ela quem estava no controle. Qualquer tipo de “por favor querido” era ignorado por ele, reação que tinha o poder de alimentar a ânsia da garota em vê-lo e tê-lo de novo, de novo e de novo. A esnobada da vez era ela.

Finalmente ela admite estar apaixonada e abobalhada, não consegue mais fingir tão bem. Agora tem quem dê a ela tudo o que precisa, na intensidade certa. Formaram o par perfeito. Durões um com o outro, eram capazes de fazer quarto, cozinha, sala, banheiros e afins ferverem como poucos casais.


Baseado em: Falling In Love (Is Hard On The Knees), da banda Aerosmith, letra de S. Tyler/ J. Perry/ G. Ballard. Faixa 2 do disco Nine Lives, de 1998. 

Escrito em: 02 de junho de 2010. 

Revisado por: Jú Afonso (http://eumundoafora.blogspot.com/)

 

Vídeo 1:

 

Vídeo 2:

Um pouco mais pra esquerda era onde eu estava! ^^

2 comentários:

  1. Tava pensando em postar só "eu fui, eu vi!"... mas a história foi boa demais pra receber só isso. Excelente texto Sarah, capturou o melhor do aero! (altamente contextualizavel, hu hu) Meus parabéns maninha!

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  2. Nega... só tenho uma coisa pra te dizer...

    You`re so bad!

    hehehehe

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